sábado, 6 de dezembro de 2008

A cegueira


Contingências situacionais. Estar à hora certa no local correcto pode revelar-se uma diabólica ironia da coisa a que chamam destino. Pior cego é aquele que não quer ver, mas há também quem veja mais do que pede na sorte. Na boa ou na má sorte, deixo ao critério de quem tem tempo para se preocupar com banalidades quantificáveis. Há que aceitar que os tempos de hoje em dia são volúveis, e que tanto faz sol como ora agora faz chuva. O que é uma chatice para quem é míope e usa óculos, porque as gotas de chuva rasam as lentes na sua trajectória em queda livre, toldando a visão. Ora eu confesso-me parte do grupo dos cegos que voluntariamente se recusam a ver. São os piores. São eles os que escutam os conselhos e tomam acérrimas decisões que pouco mais duram que o tempo de as nuvens encobrirem o sol e começar a chover do nada. Eu tenho o péssimo hábito de nunca, mas nunca usar chapéu de chuva. Desde pequena. As molhas que já apanhei à custa de tamanha teimosia. E depois aquela chatice da água a escorrer pelos óculos. Elementar, meu caro Watson. Ironias do destino.

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