domingo, 31 de agosto de 2008

O Cotão aconselha ...

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Enquanto os Arctic Monkeys não lançam novo álbum, Alex Turner aproveitou o tempo livre e uniu-se ao amigo Miles Kane dos The Rascals, e em boa hora nasceu a profícua união, cujo resultado mais imediato dá pelo nome de The Age Of The Understatement, primeiro álbum e nome do single de avanço do mesmo. O Cotão já aqui colocou um vídeo da banda à umas semanas. Volta agora a reforçar o prazer que tem em ouvir o disco dos The Last Shadow Puppets. Completo. Do princípio ao fim.
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Smooth Sundays

O Cotão gosta, aos domingos, de apanhar sol na ponta dos pés, ouvir música, colocar a conversa em dia e comer Smints de limão até ficar com a língua dormente. Tudo isto em simultâneo.
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sábado, 30 de agosto de 2008

Basta ya de minimal !

É do conhecimento daqueles que me são mais próximos a minha profunda antipatia para com o tecno minimal. Esgotada a fórmula (demorou mais tempo que o desejado), parece que os próprios agentes criadores do género musical já se começam a aperceber que o tecno minimal ... é muito aborrecido. De minimal eu só aprecio mesmo a arte. E verdade seja dita, não é por isso que decorava uma divisão inteira só com um vaso em cima de um tapete. Ora o senhor Mathias Aguayo cansou-se finalmente do minimal. Pelo menos é o que ele diz. Ele há muita gente que devia ouvir mais esta música, especialmente a letra. Pronto, pronto ... é verdade que eu sou muito tolerante e respeito todos os gostos, que, já nos diz a tradição, não se discutem. Mas eu vou sempre recordar o que uma amiga minha disse quando foi introduzida pela primeira vez no monótono mundo do minimal: "Então mas isto é só pum pum pum pum e não muda?" Já dizem os ingleses: Ignorance is bliss. E quem está de fora, vê (neste caso ouve) sempre as coisas com maior descernimento. Eu congratulo o senhor Mathias Aguayo por ter passado para o lado da luz. Nunca é tarde demais.

Mathias Aguayo : Minimal (Koze mix)

Cause that music got no groove, got no balls, no
me hace pumpin’ pumpin' pumpin' por que yo quiero bailar con un ritmo mas nocturno mas profundo mas sensual basta ya de minimal !
que es lo que bailo otras movidas vas pa delante your gonna get
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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Music to make me smile

Nos dias nem por isso o Cotão tenta ouvir música que lhe arranque sorrisos. A si e aos outros. Nina Simone é sempre um refúgio que dispensa justificações.
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Nina Simone : My baby just cares for me

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Nem por isso


Arrumadas as ideias na prateleira, penso que hoje não é um bom dia. Há dias bons, outros nem por isso. Procuro a razão de o ser, em vão. Existe um motivo específico para hoje ser um mau dia? Dizer mau será, porventura, dar um pontapé na sorte. Mau não! É um dia nem por isso. Nos dias nem por isso regozijam-se os livros do isolamento, como eu chamo aos livros de poesia, já que tenho o péssimo hábito de apenas a eles recorrer nos dias mais sós. E à minha volta fervilham rostos, mãos, risos e palavras circunstanciais. Eu sempre me sinto mais isolada no meio de muita gente. Dizem-me, desde pequena, que é tudo um problema de mau feitio. Eu digo que neste mundo imenso, só o Nuno Júdice tem a capacidade de me compreender.

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No meio das palavras, um olhar. Não
por acaso, nem de propósito. O olhar que
resumiu todas as frases e todos
os silêncios. O olhar que as mãos escreveram
uma na outra, quando passaram
por entre gramáticas e dicionários,
e encontraram a única e última
palavra, onde começa e acaba
o amor.

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Nadir

Nuno Júdice

sábado, 23 de agosto de 2008

Cabeça no ar

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"Onde é que andas com a cabeça?"
Já é considerável o número de vezes que mo perguntam ultimamente.
No ar, certamente. Ou ando com a cabeça no ar ou ando com a cabeça feita de ar. Infelizmente não é razão para a sentir mais leve. Pelo contrário, cada vez me pesa mais. E lá vem sempre a mesma lenga-lenga : "Só não a perdes pelo caminho porque a trazes agarrada ao pescoço".
Não refuto. Existe um fundamento verídico na jocosa afirmação.
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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Cotton and the chocolate bar

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Por vezes tudo o que uma mulher precisa é de uma boa barra de chocolate.

Nos dias que acordam virados do avesso, não há nada que garanta maior grau de satisfação.

Mesmo nada ...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Os pequenos Budas



Tendo há poucas horas acabado de ler um punhado de interessantes artigos acerca da problemática da obesidade infantil nos nossos dias e nos países industrializados, devo admitir que fiquei, de certa forma, alarmada. O que não deixa de ser um facto a admirar, quando todos estamos habituados a ficar alarmados com o que acontece aos respectivos umbigos ( “Se a casa do vizinho for assaltada, bem ... antes a dele que a minha”). É um facto inegável que as nossas crianças estão cada vez mais gordas. Que comem cada vez pior, que recorrem cada vez mais à comida de plástico, que consomem cada vez mais acúcares e gorduras saturadas, e que a própria ingestão calórica tem vindo a aumentar. Em Portugal estima-se que o número de crianças na chamada primeira infância com excesso de peso ronde os 31,5%, e que o número de crianças obesas atinja já os 10%. Ora, isto é, deveras, preocupante, porque para que uma criança seja considerada obesa, ou seja, para que o seu Índice de massa corporal exceda os 30Kg/m2, ela tem que ser, de facto, uma bolinha ambulante. A ideia que eu sempre tive é a de estar perante um fenómeno particularmente incidente nos meios rurais, onde há, de um modo geral, uma preocupação menos acentuada em relação aos hábitos alimentares e ao exercício físico, mas cada vez mais essa ideia tem vindo a perder força. Basta estabelecer contacto com os dois lados da questão. Por um lado, cada vez existem mais crianças gordas nos meios urbanos. O Ministério da Educação bem estabeleceu um controlo mais rigoroso do tipo de produtos que se encontram à disposição nas máquinas de vendas automáticas das escolas, mas isso de pouco adianta quando, nos bares das próprias escolas, se continuam a vender bolos recheados com cremes e bolicaos. Além disso, à porta das escolas existem sempre alternativas bem açucaradas que acabam, muitas vezes, por substituir o almoço na cantina da escola (falo por experiência própria, que também já fui criança). Por outro lado, a ruralidade já não é desculpa para desleixos. Na maior parte das vilas, e mesmo em algumas aldeias, existem ginásios frequentados por grande parte da população, além do que os cidadãos mais jovens e mais informados no que respeita aos hábitos alimentares fazem questão de incentivar os mais velhos, no próprio seio familiar, à adopção de opções de vida mais saudáveis, quer no que respeita à alimentação, quer ao exercício físico. Estamos perante um problema de raíz. Eu acredito que grande parte das questões problemáticas da nossa sociedade assenta na educação. Na má-educação, na falta de educação e na inadequada educação que as nossas crianças muitas vezes recebem. Cabe aos pais estarem atentos, como agentes educadores preponderantes que são. Porque não é na creche ou na escola primária que as crianças aprendem a comer mal. A permissividade é uma falha educativa que pode levar a consequências graves. A obesidade carrega nas costas duas vertentes igualmente importantes de uma mesma problemática: a saúde, acima de tudo. Pela primeira vez na história, a incidência da diabetes tipo 2 (aquela que, de uma forma generalizada, tem a ver com os maus hábitos de vida) ultrapassou a da diabetes tipo 1 na primeira infância. E se pensarmos nas consequências de uma diabetes a médio e a longo prazo num adulto, imagine-se só o que pode fazer numa criança, que tem toda uma vida pela frente. Já para não falar nos problemas cardiovasculares e nas diversas formas de cancro que estão associados ao excesso de peso. No outro gume da navalha está o impacto psicológico que a obesidade tem numa criança que se vê ridicularizada, diariamente, pelos outros miúdos da escola, numa altura da vida particularmente sensível, durante a qual são aprendidos e interiorizados os factores respeitantes à socialização e ao relacionamento interpessoal. Esta aprendizagem vai-se reflectir na personalidade e comportamento futuros da criança, enquanto adulto. As consequências podem ser devastadoras, e é imprevisível saber como uma criança, sem acompanhamento psicológico, acaba por lidar com esta forma de pressão social. Dependerá da sua resiliência psicológica, ou seja, do quão espessa é a carapaça que ela consegue construir para se isolar dos impactos diários do meio social em que está inserida. Algumas crianças convertem-se em adultos retraídos, introvertidos, com dificuldades de adaptação social ou mesmo distúrbios de personalidade (e a personalidade, uma vez formada, é dificilmente moldável, e dela apenas podemos modificar, a muito custo, pequenos pormenores que não chegam, muitas vezes, para fazer a diferença). Outras, como forma de auto-protecção, convertem-se em adolescentes violentos e agressivos. Por alguma razão estão a ser realizados, actualmente, nos Estados Unidos, estudos na tentativa de encontrar um cruzamento entre o aumento da incidência de obesidade infantil e o fenómeno de bullying. E por falar nos Estados Unidos, um dado que me parece deveras curioso ... Só depois de ler estes artigos é que fiquei a saber que os obesos não são nada ecológicos. Até poderia ter graça, mas no fundo não tem graça nenhuma. Passo a explicar: se os obesos deste planeta acabassem por perder peso em excesso, agravariam o efeito de estufa devido à libertação de mais de 10 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera. Isto relembra-me que os Estados Unidos recusaram aderir ao protocolo de Quioto, ainda que sejam o principal país responsável pelo efeito de estufa. Na verdade, depois de ler acerca disto,eu, que era muito crítica em relação à posição assumida pelo senhor Bush, até que passei a ser mais tolerante e compreensiva com o povo americano. Sendo o país, a nível mundial, com maior número de obesos, na verdade, de forma indirecta, até estão a contribuir para a diminuição das emissões de dióxido de carbono. Não chega ... mas já é um contributo!

domingo, 17 de agosto de 2008

Nan Goldin




Simon and Jessica in the shower , 2001
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Nan and Brian in Bed, NY, 1983

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O Cotão gosta muito do trabalho de Nan Goldin, e não é de hoje. Aprecia, principalmente, a mestria com que fotografa as várias formas de expressão sexual, sem pudores, sem preconceitos. Mais que uma sexualidade, existe uma sensualidade marcante nas fotografias de Nan Goldin. O Cotão teve já o privilégio de observar de perto alguns dos seus trabalhos. Nos meus livros sobre fotografia, não existe nenhum sobre a obra de Nan Goldin. Uma falha que deve, brevemente, ser reparada.

Summer is easy


Save Miguel

Toda a explicação aqui: www.savemiguel.com

Costas largas


Ninguém consegue parar o jovem Phels. 8 medalhas de ouro é, sem dúvida, um feito. Isto lembra-me aquela altura em que ganhei uma medalha (de um metal de origem um pouco duvidosa) numa competição de natação na velhinha piscina de Celas. Se bem me lembro, cheguei em primeiro lugar na modalidade de 200 m crawl. A medalha também tinha uns anéis desenhados (certamente não os anéis Olímpicos) e a imagem de uma foca com uma bola equilibrada na ponta do nariz. Os meus pais sentiram-se deveras orgulhosos de mim nesse dia. Isto faz-me meditar acerca do meu eventual brilhante futuro na natação se entretanto não tivesse parado de praticar para me dedicar ao judo e, mais tarde, às modalidades cujo nome é precedido pela palavra Body (os chamados Body Coisos). Acho que me tornei preguiçosa com a idade. Sim, o cabelo cheirava permanentemente a cloro e havia um bicho papão que comia criancinhas ao pequeno-almoço e do qual todos tinham medo chamado pé-de-atleta (hoje em dia, com os meus conhecimentos científicos, já sei que se trata de um fungo, um dermatófito que coloniza a epiderme e que deixa o pézinho com aquele mau aspecto). Mas nunca saberei que outras alegrias a nataçao me poderia ter dado para além de ter ficado com as costas largas. Literalmente.

Mesmo com força de vontade


Na minha recente viagem ao interior do país, não pude deixar de reparar num denominador comum a todas as pequenas vilas e aldeias que ficam a meio caminho entre cidades: primeiro que tudo, o facto de ser raro detectar um mísero papel atirado ao chão. É inspirador ver que as próprias câmaras municipais e juntas de freguesia incentivam a população local a cuidar das suas ruas e passeios, e a mantê-los limpos. Existe uma bem elaborada e bem conseguida abordagem educacional junto das pessoas, e o resultado salta a olhos vistos. Além disso, existem ecopontos praticamente em todas as esquinas, limpos e devidamente organizados. Não há, de facto, desculpa para atirar o papel para o chão ou para deixar a garrafa de plástico em cima de um muro. Um exemplo que deveria ser tido em conta por muito boa gente, e refiro-me, em particular, aos responsáveis camarários pelo assunto na minha cidade. Perto de minha casa existe um ecoponto, sim. Mas poucas vezes é esvaziado, os sacos amontoam-se no passeio em frente, obrigando os peões a se desviarem para a estrada, o cheiro nem sempre é o mais agradável, e sinceramente ... mesmo quando o esvaziam, o local tem um aspecto muito sujo, quando se pretende exactamento o contrário. E esta é uma situação visível em muitos outros pontos da cidade, especialmente nas áreas mais periféricas. Desta forma, mesmo que a força de vontade ajude, torna-se uma tarefa bem mais penosa reciclar o lixo e contribuir para o bem-estar da nossa comunidade.

Leituras




A maior vantagem dos dias de Verão : o prazer de colocar a leitura em dia. Os livros que vou comprando por impulso, ao longo do ano, nas minhas incursões pelas livrarias da cidade, e que se amontoam na prateleira, rotulados com uma etiqueta "num futuro próximo". Vivemos depressa, nos nossos dias. Como disse o grande poeta Eugénio de Andrade,


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"Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos.
Como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos."


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Perco, por vezes, a noção de que as pequenas coisas são fonte de uma enorme satisfação. Há que SABER ver, há que APRENDER a ver, de olhos abertos ou fechados. É por isso que me agradou bastante o "Ensaio sobre a cegueira" de Saramago, um dos tais livros empilhados hà já algum tempo na prateleira, e que acabei esta noite de ler.


A propósito de leituras, o DN oferece, com o jornal, uma colecção de pequenas pérolas da literatura, livros de pequeno formato da autoria de inúmeros magníficos escritores como Dostoiévski, Kafka, Henry James, Edgar Allan Poe ou Rainer Maria Rilke . A não perder, saem com o jornal às segundas, quartas, sextas, sábados, e domingos. E não se paga mais por isso. Imperdível ...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Back 2 work


O Cotão está a trabalhar com bom andamento.
E no próximo sábado promete sair da toca ...

Aino Kannisto


Nas suas deambulações pelo CCB, ao apreciar a colecção Berardo, o Cotão viu muitas fotografias (o Cotão tem um fraquinho pela fotografia) e deteve-se bastante tempo diante desta. O Cotão não consegue bem exprimir o que o fascina tanto, mas assim que teve disponibilidade para tal, foi à procura da obra da artista, de seu nome Aino Kannisto. E ficou ... encantado ... Uma simples busca na net pelo seu nome desvenda de imediato várias fotografias belíssimas da sua autoria. O Cotão continua a olhar para a fotografia e a tentar desvendar o que nela o fascina tanto ...

Road Trip



O Cotão já regressou de mais uma incursão por terras de Portugal. As ideias vieram arejadas, sem dúvida, mas o corpo, esse, acho que voltou ainda cansado. É que palmilhar caminhos em busca de pequenos tesouros escondidos dá trabalho ... trabalho de pernas e jogo de cintura. O Cotão divertiu-se, tirou fotografias, apanhou sol, bebeu refrigerantes e dormiu uma média de 8 horas por dia, algo que não acontecia à já muito tempo. O Cotão não quer deixar de demonstrar o seu profundo agradecimento às pessoas bonitas, amáveis e bem-dispostas que se cruzaram no seu caminho. Àquelas que tinham sempre um sorriso pronto e que, à sua custa, acabavam por nos arrancar sorrisos também a nós. O Cotão quer ainda agradecer:

ao sol de 40 graus à sombra e às noites abusivamente quentes do interior do país, às pousadas da juventude (que além de um serviço muito eficiente e óptimas condições, têm sempre pessoas simpáticas nos balcões de atendimento), aos cumes das serras pelo pôr-do-sol do fim de tarde, às águas frize (que me mataram tantas vezes a sede), à vida nocturna de Castelo Branco, às senhoras idosas que fazem marafonas em Idanha-a-Nova, às estradas de terra batida que me fizeram engolir tanto pó, ao Rio Tejo (e às suas difíceis acessibilidades), aos croks (horrorosos mas certamente muito confortáveis), às aldeias nascidas da pedra, a Espanha (ainda mais inóspita do que Portugal mas com gasolina mais barata e estradas decentes), às conversas pela noite adentro, ao primeiro e último cigarro depois de um ano e meio, aos colchões duros como pedra, ao trânsito à entrada da capital, à falta de hidratos de carbono, aos pastéis de Belém, aos cafés tomados depois de meia-noite, aos museus de Lisboa, a Le Corbusier (apesar da pressa), às minhas velhinhas All Star verdes que foram definitivamente remetidas para a reforma e às estradas secundárias deste país (não se pagam e nunca se sabe que surpresas nos aguardam ao virar da próxima rotunda).