sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Adaptação


Ultimamente os dias são velozes e as noites mais fugazes ainda. Mal lhes dou conta, mas estão lá, nos papos negros por baixo dos olhos, no cansaço acusado pelas pernas ao fim do dia. A exaustão física é, contudo, perfeitamente superável. Encontro nela um nível de conforto comparável apenas a um sono descansado. Porque se me traz alguma paz ao pousar a cabeça no travesseiro antes de adormecer, então, vale a pena. Há sacrifícios que se tornam, assim, plenamente justificados. Planos cancelados ou indeterminadamente adiados, pessoas que acabam por ficar para trás porque de alguma forma faz sentido que assim seja. Nunca assumi posturas intermédias nas decisões realmente significativas da minha vida. Nesse sentido, sempre fui bastante radical, e nem sempre sou bem sucedida na adaptação que faço a estas mudanças bruscas. Olhando para trás, tenho um percurso feito de cortes e pedaços, fotogramas mais ou menos desprovidos de algum sentido, quantas vezes não lhes encontro a linha condutora. Tudo isto me deixa inquieta, como se tivesse iniciado um caminho por vias travessas no qual não me é permitido retroceder, como se tivesse feito asneira desde o início e agora já não houvesse solução plausível. Uma discreta ansiedade que acaba por me tirar o sono. O cansaço físico devolve-mo a curto prazo. Por isso faço de conta que não se passa nada e espero que, desta vez, a adaptação me seja mais dócil.

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