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Já aqui o tenho dito, e volto a repetir porque eu às vezes sou de lentinha aprendizagem: nunca se deve ir ao supermercado como quem vai ali apanhar urtigas e já volta. Não é que o meu casual look seja motivo de embaraço. Na minha mente fantasiosa eu gosto de lhe chamar o look sport chic. Mas é um facto que, se eu preciso de leite e fruta fresca, os restantes mortais também têm idênticas necessidades, e nunca se sabe quando se nos depara um encontro imediato inesperado, daqueles que rezamos para que nunca aconteçam em situações desconfortáveis como, por exemplo, quando estamos na fila para pesar nectarinas. É que a conversa toma um rumo muito estranho e descabido de grande lógica. Gagueja-se e empata-se, enquanto intimamente se reza a todos os santinhos para que o sofrimento termine e alguém tome a iniciativa de dizer "então pronto, não te incomodo mais, até à próxima". Um sufoco. E o meu organismo rebela-se contra mim na descarada pirraça, e tem sempre uma muito pouco apropriada reacção térmica e sudorífera.







destes dias de calor isentos de qualquer compromisso. Estamos numa crise, consta. E estragar comida é quase um pecado com tanta fome que para aí anda, ouvia dizer sempre que não queria terminar o que ainda restava no prato. Vai daí pego nos figos furtados com o devido consentimento do quintal da vizinha e faz-se um doce de figo com noz. Dos incontáveis frascos de mel caseiro que se amontoam no armário da cozinha fazem-se uns agradáveis bolinhos de mel. Junta-se chá de especiarias e chama-se a isso um lanche. Agora faltam-me crianças cá em casa para dar vazão às iguarias. Na sua falta (o meu desgosto em não ter sobrinhos) distribui-se a comida pelos sorrisos francos dos amigos. É oferecerem-me um espanador e transformo-me na mais improvável das fadas do lar.







