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Following the Yellow Brick Road
Mathias Aguayo : Minimal (Koze mix)
Cause that music got no groove, got no balls, no
me hace pumpin’ pumpin' pumpin' por que yo quiero bailar con un ritmo mas nocturno mas profundo mas sensual basta ya de minimal !
que es lo que bailo otras movidas vas pa delante your gonna get
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Nina Simone : My baby just cares for me
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Tendo há poucas horas acabado de ler um punhado de interessantes artigos acerca da problemática da obesidade infantil nos nossos dias e nos países industrializados, devo admitir que fiquei, de certa forma, alarmada. O que não deixa de ser um facto a admirar, quando todos estamos habituados a ficar alarmados com o que acontece aos respectivos umbigos ( “Se a casa do vizinho for assaltada, bem ... antes a dele que a minha”). É um facto inegável que as nossas crianças estão cada vez mais gordas. Que comem cada vez pior, que recorrem cada vez mais à comida de plástico, que consomem cada vez mais acúcares e gorduras saturadas, e que a própria ingestão calórica tem vindo a aumentar. Em Portugal estima-se que o número de crianças na chamada primeira infância com excesso de peso ronde os 31,5%, e que o número de crianças obesas atinja já os 10%. Ora, isto é, deveras, preocupante, porque para que uma criança seja considerada obesa, ou seja, para que o seu Índice de massa corporal exceda os 30Kg/m2, ela tem que ser, de facto, uma bolinha ambulante. A ideia que eu sempre tive é a de estar perante um fenómeno particularmente incidente nos meios rurais, onde há, de um modo geral, uma preocupação menos acentuada em relação aos hábitos alimentares e ao exercício físico, mas cada vez mais essa ideia tem vindo a perder força. Basta estabelecer contacto com os dois lados da questão. Por um lado, cada vez existem mais crianças gordas nos meios urbanos. O Ministério da Educação bem estabeleceu um controlo mais rigoroso do tipo de produtos que se encontram à disposição nas máquinas de vendas automáticas das escolas, mas isso de pouco adianta quando, nos bares das próprias escolas, se continuam a vender bolos recheados com cremes e bolicaos. Além disso, à porta das escolas existem sempre alternativas bem açucaradas que acabam, muitas vezes, por substituir o almoço na cantina da escola (falo por experiência própria, que também já fui criança). Por outro lado, a ruralidade já não é desculpa para desleixos. Na maior parte das vilas, e mesmo em algumas aldeias, existem ginásios frequentados por grande parte da população, além do que os cidadãos mais jovens e mais informados no que respeita aos hábitos alimentares fazem questão de incentivar os mais velhos, no próprio seio familiar, à adopção de opções de vida mais saudáveis, quer no que respeita à alimentação, quer ao exercício físico. Estamos perante um problema de raíz. Eu acredito que grande parte das questões problemáticas da nossa sociedade assenta na educação. Na má-educação, na falta de educação e na inadequada educação que as nossas crianças muitas vezes recebem. Cabe aos pais estarem atentos, como agentes educadores preponderantes que são. Porque não é na creche ou na escola primária que as crianças aprendem a comer mal. A permissividade é uma falha educativa que pode levar a consequências graves. A obesidade carrega nas costas duas vertentes igualmente importantes de uma mesma problemática: a saúde, acima de tudo. Pela primeira vez na história, a incidência da diabetes tipo 2 (aquela que, de uma forma generalizada, tem a ver com os maus hábitos de vida) ultrapassou a da diabetes tipo 1 na primeira infância. E se pensarmos nas consequências de uma diabetes a médio e a longo prazo num adulto, imagine-se só o que pode fazer numa criança, que tem toda uma vida pela frente. Já para não falar nos problemas cardiovasculares e nas diversas formas de cancro que estão associados ao excesso de peso. No outro gume da navalha está o impacto psicológico que a obesidade tem numa criança que se vê ridicularizada, diariamente, pelos outros miúdos da escola, numa altura da vida particularmente sensível, durante a qual são aprendidos e interiorizados os factores respeitantes à socialização e ao relacionamento interpessoal. Esta aprendizagem vai-se reflectir na personalidade e comportamento futuros da criança, enquanto adulto. As consequências podem ser devastadoras, e é imprevisível saber como uma criança, sem acompanhamento psicológico, acaba por lidar com esta forma de pressão social. Dependerá da sua resiliência psicológica, ou seja, do quão espessa é a carapaça que ela consegue construir para se isolar dos impactos diários do meio social em que está inserida. Algumas crianças convertem-se em adultos retraídos, introvertidos, com dificuldades de adaptação social ou mesmo distúrbios de personalidade (e a personalidade, uma vez formada, é dificilmente moldável, e dela apenas podemos modificar, a muito custo, pequenos pormenores que não chegam, muitas vezes, para fazer a diferença). Outras, como forma de auto-protecção, convertem-se em adolescentes violentos e agressivos. Por alguma razão estão a ser realizados, actualmente, nos Estados Unidos, estudos na tentativa de encontrar um cruzamento entre o aumento da incidência de obesidade infantil e o fenómeno de bullying. E por falar nos Estados Unidos, um dado que me parece deveras curioso ... Só depois de ler estes artigos é que fiquei a saber que os obesos não são nada ecológicos. Até poderia ter graça, mas no fundo não tem graça nenhuma. Passo a explicar: se os obesos deste planeta acabassem por perder peso em excesso, agravariam o efeito de estufa devido à libertação de mais de 10 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera. Isto relembra-me que os Estados Unidos recusaram aderir ao protocolo de Quioto, ainda que sejam o principal país responsável pelo efeito de estufa. Na verdade, depois de ler acerca disto,eu, que era muito crítica em relação à posição assumida pelo senhor Bush, até que passei a ser mais tolerante e compreensiva com o povo americano. Sendo o país, a nível mundial, com maior número de obesos, na verdade, de forma indirecta, até estão a contribuir para a diminuição das emissões de dióxido de carbono. Não chega ... mas já é um contributo!
O Cotão já regressou de mais uma incursão por terras de Portugal. As ideias vieram arejadas, sem dúvida, mas o corpo, esse, acho que voltou ainda cansado. É que palmilhar caminhos em busca de pequenos tesouros escondidos dá trabalho ... trabalho de pernas e jogo de cintura. O Cotão divertiu-se, tirou fotografias, apanhou sol, bebeu refrigerantes e dormiu uma média de 8 horas por dia, algo que não acontecia à já muito tempo. O Cotão não quer deixar de demonstrar o seu profundo agradecimento às pessoas bonitas, amáveis e bem-dispostas que se cruzaram no seu caminho. Àquelas que tinham sempre um sorriso pronto e que, à sua custa, acabavam por nos arrancar sorrisos também a nós. O Cotão quer ainda agradecer:
ao sol de 40 graus à sombra e às noites abusivamente quentes do interior do país, às pousadas da juventude (que além de um serviço muito eficiente e óptimas condições, têm sempre pessoas simpáticas nos balcões de atendimento), aos cumes das serras pelo pôr-do-sol do fim de tarde, às águas frize (que me mataram tantas vezes a sede), à vida nocturna de Castelo Branco, às senhoras idosas que fazem marafonas em Idanha-a-Nova, às estradas de terra batida que me fizeram engolir tanto pó, ao Rio Tejo (e às suas difíceis acessibilidades), aos croks (horrorosos mas certamente muito confortáveis), às aldeias nascidas da pedra, a Espanha (ainda mais inóspita do que Portugal mas com gasolina mais barata e estradas decentes), às conversas pela noite adentro, ao primeiro e último cigarro depois de um ano e meio, aos colchões duros como pedra, ao trânsito à entrada da capital, à falta de hidratos de carbono, aos pastéis de Belém, aos cafés tomados depois de meia-noite, aos museus de Lisboa, a Le Corbusier (apesar da pressa), às minhas velhinhas All Star verdes que foram definitivamente remetidas para a reforma e às estradas secundárias deste país (não se pagam e nunca se sabe que surpresas nos aguardam ao virar da próxima rotunda).