terça-feira, 16 de junho de 2009

Arritmia


Pegou-se-me às mãos uma qualquer porcaria viscosa. Pegou-se-me a peganhenta. Usou-me as mãos como porta de entrada, a malfadada. Depois foi desbravando terreno, insidiosa e ladina, pegou-se-me aos lábios, aos olhos, ao cabelo, às vias respiratórias, ao tecido cardíaco, ao fígado, aos rins ... Pegou-se ao corpo todo quando por ela dei conta. Peganhenta. Pegajosa. Só pode ser doença. Já pensei ser infeccioso mas, além de não me sentir febril, ela pegou-se a mim e eu não a consigo pegar aos outros. Já pensei ser um cancro, e, nesse caso, no ponto em que isto se encontra, já tenho metástases por todo o organismo. Não passa com aspirina. Causa-me um distúrbio sistémico que só visto. Já estou farta de tomar banho e até já lhe entornei diluente. Infrutífero. Não sei já como me ver livre dela.

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