sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A vida é lixada ...

Não fumo.
Não consumo drogas ilícitas.
Bebo apenas num particular contexto social.
Não tenho gosto especial pelo jogo a não ser pelo Solitario Spider do meu portátil.
Tenho o vício das compras como qualquer mulher saudável de 25 anos que gosta de ter trapinhos novos como forma de incrementar a sua oscilante auto-estima. Nada de exagerado.

Algum defeito tinha que ter. Nem é defeito, é mais feitio. Sem café o meu dia não começa, a minha cabeça não desenferruja pela manhã, o estado letárgico não consegue ser vencido, a minha tensão arterial não sobe, o eyeliner fica todo esborratado, aceito apática e passivamente as filas de trânsito como uma parte inevitável da vida ... Sem cafeína na circulação sanguínea eu limito-me a sobreviver, a me arrastar até à máquina de café mais próxima. Por isso eu agradeço profundamente às mulheres, homens e crianças que trabalham arduamente e de forma tantas vezes assalariada nos campos de café. Graças a eles eu consigo encarar o dias com algum (moderado) optimismo. Eu sei, há sempre um leve peso na consciência. Mas para isso vivia eu diariamente com o peso do mundo nas costas. Pois eu bem sei que há muitas crianças a morrer de sede mas o banhinho quente sabe muito bem agora no Inverno. E quem é que deixa de comprar o top ou as calças da sua vida só porque a etiqueta diz MADE IN CAMBODJA ? A sociedade de consumo dos nossos dias promove mesmo o tapar os olhos bem tapadinhos com uma venda e o delegar de responsabilidades para cima dos homens feios e maus que exploram directamente os pobres (pobres com duplo sentido, note-se) trabalhadores. É a vida. E é lixada. E eu preciso urgentemente de mais um café ...

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